Crise
por Milena Durante
vermelha planta
de suporte encravada
em terra ocre
seca improdutiva
a palavra desordem
será minha
a porra
da buceta
a crise coletiva
volta chamando
de exceção
a norma
1% benevolente
recolhe do tudo
devolve anonimamente
nos pontos de proliferação
20% de sua tropa de choque
como se lançasse cinzas
na superfície do mundo
viram raízes
bem sementes
siri, o que eu acho
do relativismo
depende
amarela a cidade
das joias
verde inviolado
azul claro índigo
do centro de comando
a garganta rosna
e grasna crise
cisne violeta e branco
lótus das mil pétalas
no topo da cabeça
do indivíduo
cara pálida
pedindo trégua
em outro fim de mundo
possível
num belo dia como esse
nunca mais
escrever poesia
nem fazer monólogo
cortando os versos
os pulsos
desse jeito
sem saber cortar